Durante mais de 30 anos a Máquina Estúdio foi um local de aprendizagem e trocas. Por lá passaram pessoas que hoje são grandes profissionais. Quando alguém ingressava, o processo de criar um repertório comum levava no mínimo 6 meses até que nos entendêssemos, eu a eles e eles a mim. A permanência girava em torno de 3 a 5 anos, chegando a 8 em alguns casos. A troca intensa (aproximadamente 8 a 10 h diárias) que rolava se dava principalmente sobre o trabalho mas também sobre cinema, música, política, culinária, entre outros assuntos que faziam parte do dia a dia do estúdio. Com o tempo fui entendendo que essa maneira de dirigir os trabalhos fazia da Máquina um laboratório de aprendizagem porque se dava em cima de problemas e soluções reais, com comprometimento total de todos os envolvidos. A reflexão sobre os trabalhos produzidos no estúdio contribuía para o crescimento pessoal e profissional de todos. Mais importante que a minha presença, sempre houve uma atmosfera no estúdio que incentivava cada um a aventurar-se nos caminhos da criação. Algo como a liberdade para extrapolar seus próprios limites, tendo durante o processo o balizamento dado por mim e outros membros do estúdio. De alguma maneira os trabalhos que saiam do estúdio tinham algo em comum. Não um estilo mas talvez uma atitude ousada onde as várias personalidades podiam ser percebidas.

Esse processo acabou me levando a pensar no ensino do design e, em 2016, a convite da EBAC criei o programa de um curso de especialização em DG de 2 anos que foi implantado em 2017, do qual fui coordenador por 2 anos. Minha ideia para esses encontros é colocar em prática tudo que aprendi durante esse processo, e através da observação de trabalhos e interlocução encontrar formas de ajudar quem estiver à procura de um caminho para seu trabalho.

Depoimento de Hugo Timm, designer que trabalhou na Máquina Estúdio entre 2005 e 2006 e atualmente trabalha na BBC Creative.

(...) Um belo dia, (Hugo) deparou-se com uma exposição de cartazes do designer Kiko Farkas para a Osesp. Farkas é figura notória na área cultural, não só pela Osesp, mas também por ter trabalhado com a Companhia das Letras, para os eventos Jazz na Fábrica, entre outros. “Nem sabia que tinha trabalho daquele tipo no Brasil. Nunca tinha achado alguém tão autoral”, diz Hugo. Ele, então, entrou em contato com o próprio Kiko pedindo um estágio no Máquina Estúdio. Não tinha vaga. Incansável e insistente, assim, na lata, Hugo pediu para usar um canto do espaço mesmo sem ser contratado, só para estar por ali e absorver o que conseguisse. Deu certo. Ficou por lá e acabou sendo contratado. Pergunto se aprendeu tudo o que queria: “Não, não aprendi  nada do que queria, mas aprendi um monte de outras coisas. Foi muita inspiração. Nessa idade é muito potente estar perto de uma pessoa que faz o que ela quer.”

Digamos que Hugo desaprendeu — e que bom. Desaprendeu a fazer fórmulas, o que é certo ou errado, e aprendeu a convencer cliente de que a ideia valia a pena, de que é preciso escapar um pouco e refrescar. Ele conta, por exemplo, que Kiko vez ou outra saía para nadar no meio da tarde. E lembra de como tratava a aprovação de material: “O Kiko nunca falava ‘está ruim, faz isso aqui’. Ele dizia: ‘você conhece esse saxofonista? Ele tem um negócio sobre temas, improvisação’. Às vezes, não entendia bem o que ele queria dizer, mas de algum jeito a coisa foi entrando em mim”. (...)

O que deve ser enviado:

— Mínimo de 3 máximo de 5 projetos que sejam representativos

— Pelo menos 3 telas, não mais do que 5 para cada projeto

— Cada projeto deve vir acompanhado de uma argumentação de 500t esclarecendo o que se pretendeu com o trabalho e como ficou o resultado final

Considerações gerais

— Para poder avaliar um projeto é necessário conhecer o briefing e ter outras informações que se façam necessárias para entendê-lo

— Para tanto é preciso uma apresentação onde se possa perceber suas características mais importantes, entre elas:
- tratamento tipográfico
- adequação ao briefing
- execução final - (exceção para projetos não realizados)
- funcionalidade / manuseio (analógico ou digital)
- tratamento cromático

— Enviar de preferência projetos realizados profissionalmente (pelo menos um deles)

Encontro coletivo
25 de fevereiro de 2021
das 9h30 às 12h00

Atendimento individual
04 de março de 2021
30 minutos por aluno
das 9h30 às 12h00
horário precisa ser agendado